A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresentou, na COP 30 em Belém, a Prática Recomendada ABNT PR 1025. O texto reúne requisitos de qualificação e segurança para profissionais que fazem manutenção em veículos elétricos e híbridos e foi colocado em Consulta Nacional, etapa prevista pela própria ABNT antes da publicação definitiva. A proposta nasce em um momento de expansão da eletrificação no país e busca dar rumo claro para oficinas, centros de treinamento e redes de serviço.
O desenvolvimento envolveu a Comissão de Estudo de Inspeção, Reparação e Manutenção de Veículos Elétricos do Comitê Brasileiro Automotivo, com coordenação técnica do Instituto da Qualidade Automotiva. Montadoras, entidades do setor, oficinas, centros de pesquisa, Senai, Anfavea e Sindirepa Brasil contribuíram para aproximar o texto da realidade do pós-venda. Segundo a apresentação, a ideia é padronizar práticas e reduzir riscos, elevando a confiança de quem presta e de quem contrata o serviço.
A PR 1025 descreve o que o profissional precisa saber e fazer para trabalhar com segurança em sistemas de alta tensão, baterias de tração e diagnósticos elétricos. Corrente contínua é citada como um ponto de atenção, por exigir cuidados específicos ao medir, isolar ou abrir circuitos. Além disso, o documento trata de leitura de diagramas, uso correto de instrumentos, análise de riscos e requisitos mínimos de formação e experiência. Entre as exigências está a capacitação conforme a Norma Regulamentadora nº 10. A NR-10 é uma regra do Ministério do Trabalho que define procedimentos e treinamentos de segurança para atividades com eletricidade, como uso de equipamentos de proteção, bloqueio e teste de ausência de energia.
Outro pilar é a organização de três níveis de atuação. No primeiro, o técnico realiza serviços sem contato com alta tensão. No segundo, amplia o escopo com procedimentos controlados e testes básicos. No terceiro, está apto a intervir diretamente em alta tensão, manipular baterias de tração e conduzir diagnósticos mais complexos, validando o veículo após a intervenção. Essa divisão facilita o planejamento de trilhas de capacitação e a distribuição de tarefas dentro da oficina.
A apresentação também reforçou que a descarbonização no Brasil envolve diferentes caminhos, com eletrificação convivendo com biocombustíveis e outras alternativas. Nesse cenário, a normalização técnica ajuda a garantir segurança e qualidade independentemente da rota escolhida, alinhando práticas entre fabricantes, redes autorizadas e independentes. Para quem leva o carro à oficina, o ganho esperado é um serviço mais previsível, com profissionais treinados e procedimentos de checagem padronizados.
Com a Consulta Nacional em curso, a expectativa é que a versão final oriente programas de qualificação, certificações de mecânicos e oficinas, atualização de currículos em escolas técnicas e políticas públicas de segurança e capacitação. A partir dela, o setor passa a contar com uma base comum para investir em pessoas, equipamentos de proteção e infraestrutura, acompanhando o avanço da frota eletrificada no país.
