A Ford revelou hoje, de forma oficial, a Plataforma Universal de Veículos Elétricos e o Sistema Universal de Produção de Veículos Elétricos, que marcarão o início de uma nova geração de modelos acessíveis, eficientes e flexíveis. O anúncio confirma as informações já publicadas pelo Quilowatt (veja aqui) e traz detalhes completos sobre a estratégia que a marca define como seu novo “momento Model T”.
O primeiro veículo baseado nessa arquitetura será uma picape elétrica média de quatro portas, programada para chegar ao mercado em 2027, com produção na fábrica de Louisville, Kentucky (EUA), voltada tanto para o mercado norte-americano quanto para exportação. O preço inicial estimado é de cerca de US$ 30 mil, valor equivalente, em termos de poder de compra, ao do histórico Ford Model T.
Plataforma Universal de Veículos Elétricos
Desenvolvida por uma equipe que une a experiência de 122 anos da Ford à agilidade de um núcleo de engenharia no Vale do Silício, a nova plataforma foi concebida para reduzir custos, aumentar a eficiência e ampliar a flexibilidade de produção.

Entre os números apresentados pela marca:
- 20% menos peças que um veículo convencional.
- 25% menos fixadores.
- 40% menos estações de trabalho de ponta a ponta.
- 15% mais rapidez na montagem final.
O projeto também aposta em soluções técnicas para diminuir peso e simplificar componentes. Um exemplo é o chicote elétrico, mais de 1,3 km mais curto e 10 kg mais leve que o do SUV elétrico de primeira geração da marca, o Mustang Mach-E.

As baterias prismáticas de fosfato de ferro-lítio (LFP), livres de cobalto e níquel, são estruturais, integram o piso do veículo, reduzem o centro de gravidade e liberam espaço interno. Além disso, são mais duráveis e baratas de produzir, com fabricação prevista nos EUA, evitando importações da China.
Espaço, desempenho e versatilidade
A nova picape elétrica promete mais espaço interno que um Toyota RAV4 2025, sem contar o porta-malas dianteiro (frunk) e a caçamba, com espaço para transportar pranchas de surfe ou outros equipamentos de grande porte, eliminando a necessidade de suportes externos ou reboques.
O conjunto mecânico, com torque instantâneo dos motores elétricos e chassi ajustado para prazer ao dirigir, terá desempenho comparável ao de um Mustang EcoBoost, que acelera de 0 a 100 km/h em cerca de 5,5 segundos, e contará com mais estabilidade em alta velocidade graças ao maior downforce (pressão aerodinâmica). A Ford afirma que a dirigibilidade será um diferencial, unindo utilidade, conforto e diversão.
Sistema Universal de Produção de Veículos Elétricos
A inovação não está apenas no veículo, mas também no processo de montagem. A Ford substituiu a tradicional linha de produção linear por uma “árvore de montagem”:
- A frente e a traseira são produzidas em linhas independentes, com grandes peças únicas de alumínio que substituem dezenas de componentes menores.
- A terceira linha monta o conjunto estrutural da bateria, já equipado com bancos, console e carpetes.
- No final, as três partes se unem, reduzindo complexidade e tempo de produção.

Essa configuração melhora a ergonomia para os trabalhadores, eliminando movimentos repetitivos e permitindo foco total na qualidade. Combinada à nova plataforma, ela reduzirá em até 40% o tempo necessário para montar a picape em relação aos modelos atuais da planta. Parte dessa economia de tempo será utilizada para ampliar a automação e trazer a produção de mais peças para dentro da fábrica. Mesmo assim, o ganho final de velocidade na montagem será de aproximadamente 15%, com reflexos positivos também na qualidade e no custo.
Investimento e impacto
O projeto representa um investimento de US$ 5 bilhões:
- US$ 2 bilhões para transformar a fábrica de Louisville, garantindo 2.200 empregos.
- US$ 3 bilhões no BlueOval Battery Park Michigan, que empregará 1.700 pessoas na montagem das baterias LFP.
Segundo a Ford, essa aposta vai muito além de um modelo específico. Trata-se de uma plataforma global, capaz de sustentar não apenas picapes, mas também carros e outros formatos, sempre com foco em preço acessível, eficiência e experiência digital aprimorada. Os veículos contarão com atualizações de software remotas OTA (over-the-air), permitindo evolução contínua de recursos ao longo do tempo.

“Momento Model T” para a era elétrica
Para a montadora, a comparação com o Model T não é apenas simbólica. Assim como o icônico carro universal tornou o automóvel acessível às massas no início do século 20, a Plataforma Universal de Veículos Elétricos busca democratizar o acesso à mobilidade elétrica, com produção própria de componentes-chave como as baterias e um processo de fabricação que promete transformar a indústria.
