A BYD inaugurou oficialmente sua primeira fábrica de veículos elétricos e híbridos no Brasil. O complexo industrial foi construído em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (BA), e recebeu investimento de R$ 5,5 bilhões. A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do fundador e presidente global da companhia, Wang Chuanfu, e de autoridades como o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.
A nova planta ocupa uma área de 4,6 milhões de metros quadrados, o equivalente a centenas de campos de futebol, e foi erguida no mesmo terreno antes ocupado pela Ford, que encerrou suas operações no Brasil em 2021. As obras começaram em março de 2024 e foram concluídas em tempo recorde, cerca de 15 meses depois. Segundo a empresa, a capacidade inicial será de 150 mil veículos por ano, podendo dobrar para 300 mil em uma segunda fase.
O início da produção representa um movimento estratégico da BYD para consolidar o país como centro de exportação para a América Latina e outras regiões. Durante o evento, Lula destacou o papel do empreendimento para o desenvolvimento econômico e tecnológico da Bahia, enquanto Wang Chuanfu afirmou que a confiança do mercado brasileiro foi determinante para o projeto. A meta, segundo o executivo, é transformar o polo de Camaçari no maior complexo da empresa fora da Ásia.
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A operação começa no sistema SKD, em que os veículos chegam parcialmente montados, mas a marca planeja nacionalizar toda a produção até 2026, incluindo processos de estamparia, soldagem e pintura. O complexo abriga três unidades distintas: uma para carros elétricos e híbridos, outra voltada a caminhões e chassis de ônibus, e uma terceira dedicada ao processamento de insumos para baterias, como lítio e ferro fosfato.
O primeiro modelo a sair da linha de montagem foi o BYD Dolphin Mini, atualmente o elétrico mais vendido do país, com mais de 34 mil unidades comercializadas. Além dele, a fábrica também produzirá os híbridos plug-in Song Pro e King, ambos da nova geração chamada de super-híbridos da marca. Esses modelos combinam motor a combustão e propulsor elétrico, resultando em autonomias acima de 1.000 km com o uso combinado de eletricidade e combustível.
A marca também apresentou o inédito BYD Song Pro em uma versão especial criada para a COP30. O modelo traz o motor híbrido flex 1.5 DM-i, desenvolvido em parceria entre engenheiros brasileiros e chineses, capaz de operar com etanol, gasolina ou qualquer mistura entre os dois. O sistema simboliza o esforço da empresa em adaptar sua tecnologia à realidade do mercado brasileiro, onde o etanol é amplamente utilizado.
Além do impacto na indústria automotiva, o projeto tem forte relevância econômica e social. A fábrica já emprega cerca de 1,5 mil trabalhadores e deve chegar a 20 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos. A BYD também implementou programas de capacitação para formar profissionais locais e firmou compromissos com fornecedores da região. Outro destaque é a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador, voltado ao aperfeiçoamento de motores híbridos e à integração de tecnologias sustentáveis.
A nova planta opera com energia proveniente de fontes limpas e possui certificação internacional que comprova o uso exclusivo de eletricidade renovável. A iniciativa reforça o compromisso da empresa com a redução de emissões e a transição energética no Brasil.
Como incentivo, o governo baiano garantiu benefícios fiscais à BYD até 2032 e isenção de IPVA para veículos elétricos com valor de até R$ 300 mil. A medida vale para todas as marcas, mas representa um estímulo direto à adoção de tecnologias sustentáveis no estado.
A BYD está presente no país há mais de uma década e mantém outras unidades em Campinas (SP) e Manaus (AM). Desde 2022, mais de 170 mil veículos eletrificados da marca foram vendidos no Brasil. A nova fábrica em Camaçari simboliza uma nova etapa na consolidação da empresa no mercado nacional e latino-americano.
